Caminhando pela rua Divina Pastora, entre as ruas Capela e Lagarto, “seu” Josias, 61 anos, sentia o cheiro de alho e cebola que se misturava ao ar quente daquele meio-dia de verão. Entrou em dos frege-moscas e pediu um PF de bife acebolado e uma Caracu.
Enquanto aguardava seu pedido, observava o ambiente que ia, aos poucos, carecendo de mesas desocupadas. Os fregueses eram camelôs; representantes de produtos, desses vendidos de porta em porta, que do nada surgem e do nada desaparecem; e gente como ele, que costumava vaguear pelas ruas durante o dia e só ia à casa para dormir. A hora da fome atraía todos aos pequenos restaurantes baratos como insetos que orbitam uma luminária.
Depois do almoço, caminhou pela rua até chegar à av. Carlos Firpo. Seguiu norte, passou pela rua Santa Rosa e entrou à direita na rua seguinte. Sentadas em escadas estreitas mulheres de vida (nada) fácil piscavam o olho ou faziam biquinhos em forma de beijo. Às vezes, faziam as duas coisas ao mesmo tempo, o que as deixavam menos atraente ainda, pois pareciam fazer uma careta.
Ele parou e olhou para uma delas:
- Oi, gatinha, vai por quanto?
- Cinquenta reais.
- Vamos.
Subiram a escada estreita. A mulher, sem dúvida, uma habitué do local, fala para o rapaz no balcão:
- O quartinho com ventilador e banheiro tá desocupado?
- Dez reais “antecipado”.
No quarto, sentado na cama, ele diz:
- Quero apenas um strip-tease. Fique sossegada que pago pelo combinado.
A mulher subiu na cama e tirou o vestido de uma vez. Tirou o sutiã e a calcinha, fingiu estar dançado:
- E agora, o que faço?
- Fique de quatro, rebolando, até eu pegar no sono. Quando completar o tempo do quarto, você me acorda. Não adianta maquinar nada pensando em dar o golpe da “limpeza”. Eu só tinha sessenta reais na carteira mesmo.
2 comentários:
que foda, o cara pagou pela "tvzinha" pra tirar uma soneca depois do almoço. Já estava com saudade dos seus mini-contos, como sempre. Você já sabe que eu amo o jeito como você escreve.
Funny.
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