sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O Escudo Aéreo


Estava de férias. Ainda dormia quando o telefone tocou. Do outro lado da linha alguém falava apressadamente:

- OS ESTADOS UNIDOS ESTÃO SENDO ATACADOS! OS ESTADOS UNIDOS ESTÃO SENDO ATACADOS!

- Como é que é?

- LIGUE NA CNN! LIGUE NA CNN!

Era um amigo meu que tinha telefonado. Ainda sonolento, liguei a TV na CNN. Lá estava a imagem das torres gêmeas do WTC. Uma delas "fumaçando". O ouvido foi se ajustando aos poucos. A informação era de que um avião tinha atingido uma das torres. Pouco depois, na transmissão ao vivo, vi a outra torre também ser atingida por outro avião. Fiquei literalmente boquiaberto.

Algumas semanas antes eu tinha lido algo sobre Bush Jr. e o projeto de um escudo aéreo para defesa dos Estados Unidos. Mas o ataque veio de dentro: aviões comerciais, sequestrados por pilotos suícidas.

É, não ia ter escudo aéreo que resolvesse um caso desses...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Na Oferta


Depois de fazer o pedido de um sanduiche e um suco de laranja, a caixa pergunta ao cliente:


- Gostaria de comprar na oferta, senhor, com fritas?

- Não, obrigado. Não quero batatas.

- Coca-cola média, não é, senhor?

- Acabei de dizer que era suco de laranja...

- Se o senhor pagar o sanduiche e o suco apenas sai mais caro do que na oferta com fritas.

- Não, obrigado. Não quero batatas.

- Na oferta, o senhor vai pagar menos e ainda tem fritas.

- Não, obrigado. Não quero batatas.

- Vai ficar 75 centavos mais caro do que na oferta com fritas.

- Não, obrigado. Não quero batatas.

- Pode aguardar na mesa que serviremos.

Quando chega a bandeja, lá estão as batatas impertinentes.

- Eu pedi sem batatas. Veja minha nota.

A garçonete olha o comprovante do cliente e diz:

- Ah, mas olha, não tem problema, pode ficar com as fritas.

- Não, obrigado. Não quero batatas.

- Pra devolver é complicado pra mim.

- Não, obrigado. Não quero batatas.

- Mas é de graça as fritas.

- SÃO de graça?

- É, sim.

- Não, obrigado. Não quero batatas.

- Deixe na bandeja mesmo. Se eu levar de volta vai para o lixo do mesmo jeito porque não pode ser devolvido.

- Não PODEM ser DEVOLVIDAS?

- Não...

O cliente levanta-se, pega as "batatas" e vai ao caixa:

- Aceita "fritas" na oferta, SENHORA?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Nikolai


Nikolai, ao pegar a chave do quarto, percebeu que estava no ponto em que o seu corpo já não ia mais resistir ao cansaço. Precisava, todos os seu músculos exigiam, descansar. Talvez ainda resistisse a um banho. Uma refeição, nem pensar. Era melhor dormir logo de uma vez.

Decididamente, o hotel era uma espelunca. Olhou para o chaveiro. A chave era idêntica a essas de abrir lata de kitut. Uma argola a prendia a um pequeno pedaço de madeira, com o número do quarto: 109. Menos mal, ficaria no andar superior, provavelmente mais silencioso.

Subiu as escadas. Sua única bagagem era uma pequena sacola de mão. Era o último quarto do corredor, à esquerda. Girou a chave, que não lhe inspirava confiança alguma, na fechadura e abriu a porta.

Ao entrar, olhou detida e demoradamente o quarto. Apesar da miserabilidade do lugar, estava tudo arrumado. O cheiro de mofo misturava-se ao de algum spray aromático. Não tinha janela. Apenas um pequeno basculhante de ferro, com três vidros, estando um deles quebrado. Finalmente, fechou a porta atrás de si, a única do quarto, pois o banheiro era coletivo. Pode então observar que colado atrás da porta estava um espelho. Era o resto do que um dia fora um espelho retangular, verticalmente disposto. Restava a maior parte dele. Um dos cantos não estava lá. Quebrara-se deixando a marca de sua existência numa diagonal semi-circular.

Nem banho, nem refeição. Deitou-se. Adormeceu.

A claridade que entrava pelo pequeno basculhante tomou-o de sobressalto. Não sabia exatamente que horas seriam, mas parecia ser cedo. Levantou-se e foi ao banheiro para finalmente tomar um banho. O lugar não parecia estar movimentado e demorou-se bastante deixando a água do chuveiro escorrer pelo corpo, enquanto cobria o rosto com as mãos e pensava. O espelho do banheiro, apesar de manchado, estava inteiro. Precisava barbear-se. Tinha esquecido no quarto, na bagagem, seu pequeno barbeador elétrico sem fio e o spray de espuma.

Voltou ao quarto. Ao abrir a porta, sentiu que ela esbarrava em algo. Tentou novamente, dessa vez abriu normal e tomou um susto. Tinha alguém atrás da porta. Estava usando o espelho, espuma na cara, barbeador elétrico na mão. Pensou que tinha entrado no quarto errado, mas o número estava correto, era o 109. Olhou para o outro homem sem entender. De imediato olhou para sua pequena bagagem sobre a cama. Estava aberta.

- Esse é o meu barbeador? Minha espuma?

- Olha, eu estava precisando me barbear e pensei que você não se importaria em me emprestar um pouco de espuma e o seu barbeador...

Afastou-se um pouco, sentiu o ódio esquentando o sangue em suas veias. Deu, então, um único soco no rosto do desconhecido. A força vinda da loucura ou da raiva momentânea superando a que normalmente teria. O desconhecido bate a cabeça no espelho da porta. Mais um pedaço que se quebra. Cai no chão, inerte, desmaiado, talvez morto. Uma pequena marca de sangue na porta. Sangue em sua mão. Viu que tinha cortado um dedo, provavelmente batera nos dentes do desconhecido.

Enrolou a mão com uma camisa e desceu. Pagou a conta e saiu.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Somos O Que Comemos?


Há pessoas que comem televisão. Há as que ruminam novelas. Recuso-me a dizer o que sai das "partes baixas" de algumas outras.

domingo, 31 de maio de 2009

O “Cuião”

Era 1957, em uma pequena escola do interior. A professora escrevia no quadro. Uma das alunas se aproxima e reclama:

- Ele me chamou de cuião.

A professora manda a aluna sentar-se, apaga tudo o que estava escrito no quadro e ignora a reclamação dos que ainda não tinham copiado. Começa a desenhar no quadro. Após concluído o desenho, volta-se para a turma e pergunta:
- O que está desenhado no quadro?


Todos afirmam ser uma árvore com frutos de diversos tamanhos.
A professora agora fala:


- Imaginem então que vou pegar três desses frutos, um grande, um normal e um pequeno. Vou partir cada um deles ao meio.


Falando isso, desenhou os frutos partidos ao meio e falou para a turma:


- Como vocês podem ver, essa é a árvore da cabaça. Cada fruto, quando partido ao meio, forma duas cuias. Elas podem ser pequenas, grandes ou do tamanho normal. Vejam essa cuia grande... É um verdadeiro cuião.

E falando bem ríspida com a turma:

- AGORA ME DIGAM, QUEM ESTÁ CHAMANDO OS OUTROS DE “CUIÃO”?



domingo, 10 de maio de 2009

Space, the Final Frontier...


Quando tive contato com a série Star Trek, que tinha sido produzida antes mesmo de eu ter nascido, imediatamente, me tornei um fã. Eram reprises, décadas depois da exibição original, mas a série continuava atual. Continua, sem dúvida.

Jornada nas Estrelas é um ícone da cultura popular. O motivo de tanta popularidade, como bem observou Stephen Hawkins, "é a visão segura e confortante do futuro". Além disso, a série tem uma espécie de cânone, ou seja, o conjunto dos acontecimentos dentro do seu universo é coerente. A cada lançamento, os fãs, claro, vão observar atentamente tal coerência.

Depois de seis séries (clássica, série animada, nova geração, deep space 9, voyager e enterprise) e dez filmes, estreou "Star Trek". Após assistir ao décimo primeiro filme da franquia, há três pontos mais importantes a se observar. A destruição de Vulcano, o affair de Spock com Uhura e a travessia de Spock (o original) pela singularidade.

Vulcano sempre esteve no seu lugar durante todas as séries e filmes. Não poderia ter deixado de existir em um tempo anterior. Será que um novo filme corrigiria essa distorção ou tudo que se conhecia do universo Star Trek foi destruído e um novo começo seria criado?

Na série clássica, em alguns episódios, eu ficava com a impressão de que Uhura tinha uma "queda" por Spock, mas tinha a certeza de que nunca ocorrera algo entre eles. Como também explicar isso?

Essas perguntas talvez possam ser respondidas imaginando que Spock (o original), ao atravessar a singularidade, não apenas voltou no tempo, mas foi transportado para um universo paralelo, uma "realidade alternativa". Assim, as possibilidades seriam imensas e toda história da Federação, no universo que conhecemos através das séries, estaria preservada.

Dessa forma, "Sar Trek" é um filme que pode divertir os antigos e novos fãs. Pode até mesmo divertir quem não quer se preocupar com a série.

Live long and prosper!

ou, se preferir,

Good luck!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Porras


Estávamos os três reunidos na biblioteca da universidade.


No mundo acadêmico, sabe como é, não basta redigir, não basta afirmar, tem de dizer quem disse. Você olha para o céu, vê que é azul, mas não pode escrever isso sem por antes o nome de alguém que tenha feito tal afirmação em algum livro. No fim, sabe-se que o céu não é azul, mas ficam todos satisfeitos, professores e alunos.

O parágrafo mal tinha sido redigido e o mais engraçadinho dos três logo pergunta:

-Sim, mas quem disse isso? Tá escrevendo do nada?

- PORRAS.

- Como é?

- PORRAS.

- Temos que terminar isso ainda hoje.

- Achei algo que fundamenta praticamente tudo que faltava.

- Opa, qual desses livros, página e nome do “cara”?

- PORRAS, esse é o "cara". O nome dele, ou melhor, o sobrenome, é PORRAS.

- Então põe aí nessa porra que PORRAS é que afirmou isso.

Gargalhada geral. Não sei se pelo nome do “cara” ou por ter encontrado a fundamentação.